quinta-feira, 7 de agosto de 2008

As vezes parece ate que a gente deu um no; hoje eu quero sair so




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Fala, meus queridos!

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Hoje (quinta), me aconteceu uma que me tirou o folego.

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Estava caminhando pela Elizabeth St., indo em direcao ao centro. Estava com o MP3 ligado, ouvindo algumas musicas que gravei pro Borracha, ideias musicais e versoes, uns tempos atras. O som da vez era uma versao de "Estrada do Sol", de Jobim e Dolores Duran. Num dos tuneis que passa por baixo da linha de trem, quando eu estava repetindo a primeira estrofe, passei por um senhor, provavelmente chines, que ergueu uma especie de rabeca, onde a caixa de ressonancia era uma lata de conserva. No instante em que eu recomecei a cantar "E de manha" na gravacao, o velhinho comecou a arranhar seu violino.
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As escalas chinesas e o ritmo esquisito, em qualquer outra ocasiao esbarrariam de frente com o som que eu estava ouvindo nos fones. Mas nao hoje. Nao naquele exato momento. Quando ouvi as primeiras notas do estranho violino, era como se o velhinho tivesse um pedaco de partitura que o Jobim escreveu e nao mostrou pra ninguem, so pra ele. A melodia do 'violixo' encontrou a harmonia da bossa TAO bem, e a sintonia durou tanto (quase uns 40 segundos, tempo que eu levei pra sair do tunel), que o momento passou de excitante e perfeito para assustador. Eu fiquei tao embasbacado que nao conseguia balbuciar nem as primeiras notas pra tentar reproduzir depois.
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Que momento.
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Dentro da gente, seja voce um chines com seu violino de lata de milho ou um brasileiro com muitos pinos a menos, existem coisas em comum. A palavras 'coisas' cabe bem aqui, porque nunca vi ninguem nomear, nem abstratamente estas coisas. Como se a materia-prima da qual a gente e feito ainda guardasse (em sua memoria organica de barro) algumas propriedades que nem o meio, a historia, a cultura e a personalidade de um individuo dao conta de subjugar.
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Se nao me engano foi Platao que sugeriu, ao observar que "uma coisa e uma coisa, e outra coisa e outra coisa", que em algum lugar do mundo metafisico, existe um modelo ideal pra cada coisa que existe. Sendo assim, todas as coisas sao diferentes entre si. Porem, por causa deste modelo ideal, uma cadeira e tao cadeira quanto a outra, uma arvore e tao arvore quanto a outra. E um homem e tao homem quanto o outro (o homem ao qual me refiro e o ser humano, nao o genero). Essa essencia, essa materia prima, qualquer que ela seja, as vezes nos prega pecas, por causa dessa coisa constante de 'estar ali'. Por mais que a gente esqueca, ou nao saiba da sua existencia, esse magnetismo acaba por atrair todos nos ha lugares comuns.
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O mundo tem chorado de solidao. O mundo tem chorado por justica. O mundo tem chorado de dor, de vazio, de frio. A alma do homem tem frio. Se ele apenas se desse conta de que basta caminhar em direcao ao modelo de homem ideal..!
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Viva o Som!
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"Ele e antes de todas as coisas, e Nele tudo subsiste."

4 comentários:

  1. "O mundo tem chorado de solidao. O mundo tem chorado por justica. O mundo tem chorado de dor, de vazio, de frio. A alma do homem tem frio. Se ele apenas se desse conta de que basta caminhar em direcao ao modelo de homem ideal..!"
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    sensacional...
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    sabe de uma coisa???
    eu estudo isso... o choro de justiça, de frio, de dor, de igualdade... e incrivelmente ad doutoras nisso se negam a enchergar a verdadeira resposta...

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  2. dani... vou ler d novo daqui a pouco... o corpo do texto não compreendi muito bem.
    enfim (all rigths reserved)
    Beijo grande

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  3. Essa essencia, essa materia prima, qualquer que ela seja, as vezes nos prega peças, por causa dessa coisa constante de 'estar ali'. Por mais que a gente esqueça, ou nao saiba da sua existencia, esse magnetismo acaba por atrair todos nos a lugares comuns.

    ...

    é. tá começando a fazer sentido. hahahha

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  4. mas vc escreve bem mesmo...já te falei isso um milhão de vezes!
    gostei das fotos!=)
    beijones, saudade!

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