domingo, 10 de fevereiro de 2008

E aquecesse o sonho, e secasse a magoa

Oi, gente... Desculpa a demora. No post da vez, voces vao entender o meu sumico. Nao preocupem, continuo vivo. Quase.
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Um coachar de sapo combinado com as vibracoes do celular me acordam. Meio zureta, depois de alguns segundos me dou conta do que que ta acontecendo. O celular. Ah, ta na hora. Uma escuridao absoluta torna impossivel saber que horas sao. Olho no celular, 6:20 da tarde. Esfrego a cara com as maos, e percebo como elas estao grossas, cheias de calos. Bocejando, atento pros ruidos do lado de fora. Elevadores subindo e descendo, gente falando, o ruido que os carros fazem no ar, tudo isso ecoando no hall. Semi-morto de cansaco, dum jeito que os meus musculos nunca vao me permitir esquecer, levanto e ligo a lampada. A luz branco-azulada revela um ambiente pequeno, sem biombos nem divisorias, de um 4 metros quadrados. Canos metalicos espalhados pelas paredes, uma pia anormalmente baixa e algumas intrucoes esquisitas nas paredes me lembram da minha ultima grande ideia: cochilar onde der. No caso, o banheiro para deficientes fisicos do predio corporativo Kings Row, 124 Coronation Drive. Sem segredo, nem frescura, no chao mesmo. Quando voce estuda seis horas por dia, trabalha nove, e divide as nove restantes entre trabalho de conclusao de curso, "refeicoes", transporte, compras, tarefas caseiras e necessidades fisiologicas (banho e sono inclusos), dormir uma boa noite de sono torna-se uma regalia reservada para os finais de semana (God save the weekends). E olhe la.
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Os cochilos esporadicos, chamados por aqui de "power-naps", sao a unica coisa que me mantem habilitado para seguir trabalhando, estudando, me movendo fisica e simbolicamente. O problema e quando eles acontecem sem a sua permissao. Outro dia, por exemplo, cochilei no onibus indo pra casa, e acordei no susto na hora de descer do onibus. Atordoado de sono, me desespero nos segundos restantes pra enxugar a baba no braco, pegar a mochila e a sacola do mercado e saltar da poltrona pra pegar a porta ainda aberta. No instante em que eu acordo de verdade, do lado de fora do onibus ja em movimento, bato com a mao no bolso direito e me dou conta de que o celular ficou no banco. Entao, anexo ao caos das ideias entorpecidas de sono o desespero de perder todos os contatos adquiridos nos ultimos meses, o alarme INDISPENSAVEL, o meu unico relogio, e 60 dolares. Uma sensacao de "fiz cagada" na boca do estomago incomoda nos 15 minutos que se seguem. Entao, uma luz palida e fraca de uma ideia sem muita esperanca me acalma os nervos. "Vou pegar esse onibus na volta pro centro, na esperanca de que alguma alma boa encontre e de ao motorista".
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Pois bem. Subo correndo os quatro andares do predio, pensando "nao vou dormir de tarde por causa do maldito celular. Maravilha." Entro no apartamento, corro pra geladeira e tiro um pote de sorvete cheio de macarrao, pra aquecer o almoco no microondas, que provavelmente foi fabricado antes da propria invencao do microondas, por sinal. Corro pro quarto, enfio a camisa da "Swan Services" e coloco uma bermuda, um calor do cao. Jogo duas macas e uns pacotes de bolacha na mochila, e escuto uma campainha de recepcao vinda da cozinha. O jeito do arcaico aparelho avisar "ta pronto". Agarro o prato, feliz da vida com os 3 minutos seguintes que vou poder parar, sentar, e "comer".
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Tres minutos depois, levanta da cadeira um cara mais calmo, o estomago ainda se desdobrando pra acolher a gororoba, uma sensacao de dignidade sendo absorvida pelo corpo junto com a comida. Toda essa calma e varrida em um milesimo de segundo, ao ouvir o ruido do onibus quatro andares abaixo, passando sem parar pelo ponto onde eu deveria estar. Olho pela janela, e assisto a traseira do onibus diminuir e desaparecer na distancia. Inevitavelmente sem pressa, termino de pegar o que preciso e deco pro ponto de onibus. Ao olhar a tabela, uma nova onda de animo: aquele nao era o mesmo onibus. Eu tinha vindo com o 360, aquele era o 364. Recuperada paz, sento no banco, e sinto o cansaco pulsando nos bracos e nas costas. As pernas desistiram de avisar, ja. Alguns minutos mais tarde, surge na esquina o onibus: 361. E agora, era 361 ou 360? Entro, de qualquer maneira. Pergunto pra motorista se haviam encontrado um celular. "Nao? Ah, beleza, brigado assim mesmo. " Sento, e inconsolavel assisto a chuva comecar a cair de leve, e aumentar ate que nao se ouca mais nada alem dela.
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De repente, tomando mais um folego de esperanca: "O motorista nao era uma mulher, era um velhinho." Maravilha. Saio do onibus na parada mais proxima, e aguardo por quase 2 horas, a chuva caindo aos baldes em volta, a chegada do 360. Depois de muitos onibus, muitos coreanos e muita agua, eis que chega o bendito. Incredulo, pergunto ao motorista sobre o celular. Ele me olha por cima das lentes bifocais dos seus oculos, calmamente poe o braco no porta-moedas, e tira de la um Nokia barato, cinza escuro, me proporcinando a sensacao conhecida de ganhar exatamente o que se esta esperando no natal. Agradeco varias vezes ao motora, salvou meu dia. Um pouco mais, talvez.
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Feliz da vida, me sento no onibus e puxo "Of Mice and Men" da mochila, e comeco a ler, a dignidade recuperada. Superada a crise, percebo que estou realmente cansado, a ponto de desmaiar, talvez. Olho a hora (4:40pm) e penso: "vou ter que arranjar algum canto pra cochilar, senao nao vai dar. Mmmm. E se eu dormir no banheiro de deficientes fisicos?".
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video de 3 dias atras, em frente ao Kings Row. O Budikka tava so de olho, la atras. Depois q eu vi.

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Viva o Som!

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"Ele e antes de todas as coisas. Nele, tudo subsiste."

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4 comentários:

  1. oi querido, q saudade imensa de vc!
    putz! toda vez q entro nesse treco eu choro!
    Fiquei bastante preocupada com vc, espero q Deus e sua infinita graça traga descanso.
    Entrei aqui disposta a te fazer inumeras perguntas praticas... mas n dá... o q quero deixar... é um abraço bem longo e terno. E dizer q... ouvir suas histórias são um balsamo para mim, pois ando tao triste. De alguma forma teu olhar e sua narração me confortam.
    Estou morando em Foz, e estava garimpando em um sebo e encontrei "As aventuras d Tom Sawyer" com uma dedicatória melancolica datada de 69. E quis muito comprar p vc, pena q é muito pesado... vai custar uma fortuna!hehehe

    querido fica com Deus.
    amo vc!
    da sua cabeluda.

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  2. Fala Martini...
    apavorou o videozinho!!!
    eh mt bom receber noticias suas!!!!!!!!!!!
    ahh, esse fds usei algu as peças suas de percussão pra tocar com o kevin na IBB... heheh... espero que vc nao se incomode!!
    fica com Deus...
    amamos vc

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  3. Oi Dani..
    Fala Sério grandão...
    Esse é o cara.
    Caçador de mim?
    Canta, cana Daniel.. Deixa a tristeza pra lá..
    Canta forte, canta alto, que a vida vai melhorar...
    Que a vida vai melhorar...
    Toca, a gente ta esperando...

    Por tanto amor, por tanta emoção
    A vida me fez assim
    Doce ou atroz, manso ou feroz
    Eu, caçador de mim
    Preso a canções
    Entregue a paixões
    Que nunca tiveram fim
    Vou me encontrar longe do meu lugar
    Eu, caçador de mim

    Nada a temer
    Senão o correr da luta
    Nada a fazer
    Senão esquecer o medo
    Abrir o peito à força
    Numa procura
    Fugir às armadilhas da mata escura

    Longe se vai sonhando demais
    Mas onde se chega assim
    Vou descobrir o que me faz sentir
    Eu, caçador de mim

    Nada a temer
    Senão o correr da luta
    Nada a fazer
    Senão esquecer o medo
    Abrir o peito à força
    Numa procura
    Fugir às armadilhas da mata escura

    Vou descobrir o que me faz sentir
    Eu, caçador de mim
    Um abração...
    Sulivan..

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  4. entrando depois de muito tempo...
    ausencia por problemas técnicos...
    sem paciencia pra ler...
    cansada de um dia bastante agitado...
    emocionada por ver vc e ouvir tua voz...
    sentindo muitas saudades, mais ainda agora com os preparativos do casório...
    e lembrano sempre que amo vc...
    bjo

    mãe...

    hehe

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