segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

Central Park

(escrito em um caderno no dia 29 de dezembro de 2011, as 9:11)

É essencial que eu esteja escrevendo isto sentado em um banco de parque, no vento enregelante do inverno nova-iorquino. Há cerca de 50 metros à direita do banco em que estou sentado, se vê o Belvedere Castle, no coração do Central Park. Escondido por trás de um emaranhado de galhos e troncos de olmo, pode-se distinguir a silhueta enorme do Metropolitan Museum of Art. E logo atrás de mim, dois esquilos estão cuidando de seus próprios assuntos. Esta cena me remete a uma distinta virtude da cidade de Nova York. Paradoxal, mas distinta. New York é cara, é der graça, e não tem preço.


Não acredito que jamais tenha sentido mais frio na vida do que neste exato momento. O céu de um azul profundo e o sol brilhante por trás de mim são uma mera distração; apesar da ausência total de neve, o frio é enregelante. Parece que vem de dentro dos ossos. A cada golpe que o vento me acerta no rosto descoberto dá vontade de se enterrar debaixo dos bolos de folhas. As baforadas de fumaça que saem das narinas lembram aquelas dos bueiros e respiros de metrô espalhados por toda a cidade. New York respira pelos parques, mas também pelos túneis e bueiros.


Frio. Olho pra uma nuvem de pássaros negros, desenhando sua rota até um ponto ensolarado do gramado do outro lado do lago. Pessoas passam caminhando, suas rotinas e segredos ocupando suas mentes. O alarme da ré de um caminhão ou van desperta meus ouvidos pros ruídos de fundo da cena. Pássaros, carros, passos, folhas, conversas em voz baixa, mais carros, mais folhas.


Tem tantas perguntas que eu preciso fazer pra esta cidade. Mas não acredito que eu consiga colocá-las em palavras.






Viva o Som!


Daniel Martini

2 comentários:

  1. Que coisa fantástica te acompanhar tão de perto que consigo sentir frio! He he he! Bjo pequeno.

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  2. Vamos embora, a viagem está só começando!

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